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A aceitação do objeto como artístico

      Na afirmação de Frederico de Morais, toda a obra de arte, se verdadeiramente original, é uma metáfora do mundo. Esse mundo criado pelo artista é complexo e contraditório, revelações e interdições, totens e tabus, zonas escuras e zonas iluminadas tal e qual a criada por ABR que é ainda mais enfática.

     Observações são ajustáveis às questões da contemporaneidade a partir de Duchamp, pois observando o deslocamento do objeto em relação à sua significância, depara-se com os conceitos antropológicos de Krzystof Pomian sobre a significância e reconhecimento do objeto Semióforo e sua representação do invisível, levando este objeto a despregar-se de sua relação de utilidade e lhe conferir o peso do significado.

     Quando observa o seu deslocamento para o espaço expositivo deparamos com a conceituação de heteróclito e sua significância de anomalia para se transformar em objeto colecionável passível de um expectador que lhe confere um “status” de pertencimento uma casta que lhe dá o valor de objeto artístico.

     A legitimação do objeto como status artístico, passa pelo seu ineditismo em relação ao seu meio produtivo, seu deslocamento em relação ao seu meio comum e o estranhamento que este objeto deslocado causa, quando em evidência dentro do espaço expositivo do museu. (fragmento de artigo sobre Bispo do Rosário/2009).

 

Ba
    O artista leva à risca os princípios de Leonilson, mas adiciona e reinterpreta pensamentos pontuais de outros expoentes da cena contemporânea, como Christian Boltanski (“A arte é uma tentativa de impedir a morte e a fuga do tempo”) e Sandra Cinto (“O mar que habita em mim me leva para onde eu nunca fui”). Em seu projeto da instalação 'Mon Mer', Ba trabalha as peças com rigor cirúrgico, utilizando materiais e referências extraídos da iconografia visual de Leonilson e do seu próprio cotidiano, a começar pelo título da obra, da qual tratou o crítico, curador e amigo de Leonilson, Adriano Pedrosa (“Expor o coração é ato doloroso, sobretudo em tempos de cinismo e ceticismo, trazendo consigo e com frequência ambiguidade e contradição”.) Interessante saber que quando a obra estava praticamente pronta, Ba resolveu acrescentar alguns produtos de tocador, referindo-se à atitude de auto estima e de afetividade para consigo mesmo através destes itens cotidianos. (apresentação catálogo voaLeo - AT|AL|609 / Paulo KLEIN - Critico e Curador de Arte ABCA – AICA - UNESCO)

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